Caros leitores,
Deixo-vos com a minha mensagem de Natal para 2009.
"Escrito a Lápis"
A rua estava deserta. Os candeeiros deixavam uma luz ténue reflectir-se nas poças de água deixadas pelas últimas horas de chuva. Agora que a noite caiu, o vento frio empurra os mais resistentes para casa. Só uma pessoa se recusa a ceder.
Olho para ele tentando perceber a sua idade... mas a idade perdeu-se nos cabelos brancos e nas rugas parcialmente escondidas pela barba de vários dias. Parece intemporal, como as árvores centenárias que resistem no pequeno jardim. Pergunto-lhe porque não vai para casa. O seu olhar perdido indica-me um casebre em ruínas. Implicitamente percebo que a diferença é pouca.
Partilhamos um pacote de bolachas em silêncio. Tudo o que tinha comigo que valia a pena partilhar.
A sua voz rouca apenas me disse, antes de me trocar pelo desconforto do casebre, que não vale a pena escrever a lápis aquilo que não se pode apagar. E perante a minha expressão confusa, apenas acrescentou - a vida.
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