Acabou o verão.
Os dias, encolhem-se progressivamente,
a adivinhar o frio que aí vem.
As nuvens, essas, reúnem-se...
decididas a esconder o Sol,
decididas a trazer a chuva.
Os dias, encolhem-se progressivamente,
a adivinhar o frio que aí vem.
As nuvens, essas, reúnem-se...
decididas a esconder o Sol,
decididas a trazer a chuva.
Os tapetes de folhas circundam as árvores.
Vermelhos e castanhos incendeiam as ruas e os campos.
Vermelhos e castanhos incendeiam as ruas e os campos.
Vagueio pela cidade.
Sem rumo.
Sem rumo.
Estou cansado.
Cansado de andar.
Cansado de olhar.
Cansado de viver.
Cansado de andar.
Cansado de olhar.
Cansado de viver.
Paro em frente a uma porta grande e ferrugenta.
Parece que esteve sempre ali.
Que a cidade cresceu em seu redor.
Não me lembro de já a ter esquecido.
Parece que esteve sempre ali.
Que a cidade cresceu em seu redor.
Não me lembro de já a ter esquecido.
Está fechada mas pede-me para entrar.
Entrevejo, por entre as grades, que já não há nada para guardar.
Entro e encontro um jardim esquecido.
Entrevejo, por entre as grades, que já não há nada para guardar.
Entro e encontro um jardim esquecido.
A sua beleza desapareceu.
Foi abandonado...
pelas crianças que já não sabem brincar,
e pelos velhos que, perdidos na idade dos tempos, já não o conseguem encontrar.
Foi abandonado...
pelas crianças que já não sabem brincar,
e pelos velhos que, perdidos na idade dos tempos, já não o conseguem encontrar.
Também ele se cansou de viver.
Sento-me num banco, perdido no espaço e no tempo.
Sozinho no meio da imensidão,
De espaço rodeado por muros,
De árvores caídas no esquecimento.
Sozinho no meio da imensidão,
De espaço rodeado por muros,
De árvores caídas no esquecimento.
Fico aqui, estático, parado.
Parado no olhar.
Parado a pensar.
Parado no olhar.
Parado a pensar.
O tempo passou por aqui e não quis ficar.
Continuou o seu caminho.
A porta expulsou-o e não voltou a deixá-lo entrar.
Continuou o seu caminho.
A porta expulsou-o e não voltou a deixá-lo entrar.
E eu aqui fiquei...
...à espera que um dia o tempo voltasse, para me levar.
...à espera que um dia o tempo voltasse, para me levar.
2 comentários:
Caro lenin
É uma agradável surpresa descobrir o teu trabalho, através do link de um amigo em comum (onadadaquestao).
Para além de te convidar a visitar, frequentar e opinar na minha Toca (penso que conheces o endereço), deixa-me partilhar o quanto gostei da sensibilidade demonstrada pelas palavras deste post. Foi escrito por ti?
Penso que os blogues nos podem levar (para o bem e para o mal) a descobrir facetas em pessoas que por vezes não as deixam "soltar-se" noutros contextos...
Continua fiel a ti mesmo, amigo.
Vou ler o resto e acrescentar-te à muito exclusiva lista de divulgação da Toca!
loboalpha: Caro JN. Como já tinha tido oportunidade de te dizer, num jantar em data tão longínqua que já não me recordo, este é um dos meus blogs e, bom ou mau, tudo o que aqui está foi escrito por mim. Agrada-me que tenhas gostado e que tenciones divulgar na tua Toca.
E por falar em jantar, quando marcamos o próximo? ;)
Abraço.
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